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terça-feira, 16 de julho de 2013

Cupcakes para Leigos


Sempre tive vontade de fazer esses bolinhos bonitinhos, fofos, coloridos e que sempre vemos vendendo no quiosque do shopping a preços exorbitantes, mas nunca tive coragem de pagar o preço e muito menos tempo e disposição para fazer os tais Cupcakes. Até que me deparei com a oportunidade de comprar as forminhas próprias pra cupcake e o fiz. Quando fui ver a receita, percebi que ia além de simplesmente ter as forminhas e vai ai um certo investimento $$$...
Calma, não se assustem, vale a pena! 
Como a minha vontade foi maior, resolvi ir na Av. 25 de março, na loja Tozaki encontrei tudo o que faltava comprar de equipamentos e ingredientes. Não pesquisei as demais lojas, mas lá quanto a artigos de festa é MUITO em conta.

Primeiro, faltava a forma de alumínio (ou inox) pois sem ela os cupcakes ficam tortos. Ela que dá a sustentação para a massa ficar no formato da forminha de papel sem entortar, além de impedir que eles cresçam demais para os lados e grudem por exemplo. Paguei na forma de alumínio R$25,00 para 12 cupcakes. (Sim, caro! Mas vai durar a vida inteira e serve pra um monte de outras receitas, rsrs)

A que comprei é igualzinha a essa!

Depois percebi que tinha que confeitá-los, pois o cupcake sem decorar é apenas um muffin sem graça...

O kit com saco e bicos de confeiteiro que comprei foi uma roubada, principalmente para quem não tem prática. Trouxe de uma marca desconhecida por ser mais barato e me ferrei. Na hora de confeitar ficou saindo pelas laterais do bico e fez uma meleca danada, por isso, sugiro que comprem a da MAGO pois ela tem como rosquear o bico ao saco, assim o conteúdo do saco não vai fugir pelas laterais... Uma maravilha! Não comprei a minha ainda, mas espero comprá-la em breve. Não to ganhando nada para promover a marca, mas realmente os produtos da Mago são bons, a não ser que encontrem semelhante e que dê a opção de rosquear também. (Se encontrarem me avisem!rs)

Nessas lojas especializadas, vende a pasta americana pronta, com diversas cores, sabores e um infinidade de jeitos, resolvi trazer a branca, pois tenho mais possibilidades de tingir e usá-las em vários tipos de cupcake. Para tingí-las trouxe o corante em gel, lá tem bastante opções de cores e esse corante em gel serve para tingir tudo relacionado à confeitaria, inclusive glacês, coberturas, massa de bolos etc ...rsrs. A DO REI!
Dizem que a pasta americana pronta e industrializada não tem gosto muito bom, embora seja a melhor opção, tem na internet algumas receitas de pasta americana caseira. Como nunca fiz então vou ficar devendo a informação se é boa ou não.

Para dar um efeito mais alegre e fofo, trouxe um confeito coloridinho, rende que é uma beleza e tem um sabor gostoso também.

Chegando em casa, feliz e contente, resolvi fazer os cupcakes... hahahahaha

1 - MASSA:

Para a massa usei a receita básica, que peguei no site Receita de Cupcake. Ela fica bem fofinha e não precisa de nenhum ingrediente em especial, você encontra tudo no supermercado com a maior facilidade!
Após a massa prontinha, despejei nas forminhas, mas CUIDADO! As minhas forminhas ficaram um pouco abertas demais e acabaram franzindo em algumas partes, assim na hora de assar acabaram ficando tortas. Outro erro foi que com medo de crescer muito, economizei na hora de encher a forminha, como essa massa não cresce tanto o bolinho ficou pequeno demais.  :(


Mas não desisti! hahahaha 

Ao fazer a 2ª rodada de cupcakes enchi mais um pouquinho do que antes e deixei as forminhas bem retas, não tem um segredo para as forminhas ficaram legais, somente desencaixe uma da outra com muito cuidado para não ficarem muito abertas e tenha paciência ao colocar na forma, ajeitando com a massa e então ficarão bem bonitos!! :)

Esses ainda são da 1ª rodada, por isso está sobrando forminha, mas é um exemplo de como a forminha deve ficar reta.

Como queria variar, guardei um pouco de massa em recipientes separados e acrescentei chocolate em pó (aquele do padre), além de corantes verde, amarelo e rosa pink. Ficaram lindas as massas por dentro. O legal dessa Massa Básica é que você pode fazer qualquer coisa com ela, colocar chocolate, côco, outras essências, cores e sabores. Vai da sua criatividade! 


2. RECHEIO:


Fiz três recheios separados, mas me arrependi depois, porque me enrolei e os recheios acabaram passando do ponto, estando melhor para fazer de docinho do que recheio. Portanto, façam uma coisa de cada vez, sem pressa e com paciência... Abaixo as receitas:
Vi alguns tutoriais na internet sobre como rechear os cupcakes e existem duas formas, com o Saco de Confeiteiro e Manualmente. Fiz das duas formas, mas como o saco de confeitar que adquiri era uma porcaria acabei não tendo sucesso na tentativa, então resolvi cortar o cupcake mesmo... É mais trabalhoso, mas o resultado é bom e o cupcake fica bem recheado. Contudo, com o saco de confeiteiro é mais prático, caso o seu não seja horrível como o meu (estou realmente inconformada com a minha aquisição! kkk).


3. COBERTURA:

Depois de deixar o cupcake ainda mais delicioso com o recheio, vamos a parte mais difícil! A cobertura. 

Vamos concordar que usar saco de confeiteiro não é fácil e coordenação motora não é todo mundo que tem... Para seu cupcake ficar tão perfeito quanto o do shopping, você deve ter paciência e treinar, pois somente com o treino ele vai ficar perfeitinho. Me iludi com essa história de perfeição e acabei desanimando, mas minha irmã falou (talvez com dó de me magoar, kk) "por ser o primeiro até que está bonito", então pensei, poxa, é só o primeiro... não é pra ser perfeito! :)
Então força na peruca e PACIÊNCIA amigo(a), decorar cupcake é difícil mas não impossível.
Primeiramente tenha um saco de confeiteiro bom e que de preferência tenha como rosquear, como já disse, para leigos é a MELHOR opção, até porque não somos chefes de cozinha (ainda!).

Fiz uma Cobertura Básica, onde não exige o tal EMULSIFICANTE (abaixo explico melhor o que é o emulsificante), mas essa receita eu não gostei... Primeiro que fica com gosto de manteiga/margarina, totalmente enjoativa e segundo a consistência não é muito legal para decorar, principalmente se estiver calor, pois ela derrete com facilidade. Mas como era o que tinha, acabei não tendo muita alternativa. Tingi um pouco com chocolate, corante amarelo e verde e o restante deixei neutro.

Dica: Treine antes de decorar em um prato raso branco ou bandeja, veja qual bico é de seu agrado, qual bico melhor se encaixa no que você deseja fazer e a internet disponibiliza uma infinidade de tutoriais de decoração, veja algumas antes, vai valer a pena.

Depois de uma lambuzeira danada, VOILÀ! 

O resultado foi esse:




E ai gostaram?? 
Para quem não conhece muito de culinária como eu e alguns ingredientes são totalmente desconhecidos, fiz a relação do que é interessante (e essencial) saber e ter para se fazer um cupcake com sucesso!

- Forma para Cupcake - Tem de 12, 24, 36 e de tamanhos variados, mas é essencial para que o cupcake fique bonitão.

- Emulsificante - Os agentes emulsificantes (ou surfactantes) são substâncias adicionadas às emulsões para aumentar a sua estabilidade cinética tornando-as razoavelmente estáveis e homogêneas. Um exemplo de alimento emulsionado é a maionese, na qual a gema de ovo contém o fosfolipídeo lecitina que estabiliza a emulsão do azeite na água. (Claro que foi ctrl c+ctrl v, mas o emulsificante pode ser facilmente encontrado em supermercados ou casas especializadas em artigos de festa e afins).

- Açúcar Impalpável - É o famoso Glaçucar da União, é um açucar mais refinado que o normal, parece uma farinha e é usado para fins de confeitaria mesmo, até no mercadinho aqui do lado de casa encontrei.

- Pasta Americana - É aquela massinha comestível utilizada para confeitar bolos, muito útil para deixar seu cupcake mais chique e personalizado. Infelizmente fazer nunca tentei, mas encontrei facilmente na Tozaki e casas especializadas.

- Anelina ou Corante em Gel - É utilizada para colorir massas, coberturas e pasta americana, encontrada em casas especializadas.

- Chocolate em pó e Achocolatado - Saiba diferenciar, o chocolate é utilizado para confeitaria e o Achocolato é usado para beber com leite, rsrs, mas algumas receitas pode ser substituído. Eu não abro mão do chocolate em pó (do padre), mas se não tiver jeito, use o Achocolatado mesmo. Só não deixe de fazer! :)

Agora, o que me motivou a ter esse trabalhão todo e compartilhar isso com vocês?

Coloque uma boa música, garanta que terá todos os utensílios e ingredientes e se não tiver, use a criatividade e veja que fazer cupcake é uma terapia MARAVILHOSA!
Além de ser um ótimo negócio, opção para decoração de festas é um ótimo presente para alguém especial.


Aproveitem as dicas, divirtam-se e deliciem-se! 

E por favor, valorizem o trabalho dos profissionais confeiteiros... Agora, sei porque é tão caro comprar cupcake no shopping. kkk

Até mais! 





domingo, 26 de maio de 2013

Nos domínios da voz

Voltamos! :)

Confesso que às vezes deixo o cansaço tomar conta de tal forma que, internet, computador e qualquer coisa tecnológica e que exija muito do meu raciocínio dá até coceira...rs

A umas semanas atrás baixei o livro Sinal Verde psicografado por Chico Xavier, sugestão de uma colega do curso que diariamente (e religiosamente, rs) nos manda mensagens positivas, e por sinal, são uma dose de ânimo nos dias bons e ruins. Aproveito para agradece-la, que continue com essa alegria, positividade e discernimento em achar as palavras certas. Obrigada Lucy Magalhães!

Hoje, resolvi abrir o arquivo que está aqui no computador a semanas sem ser lido e me deparei com uma mensagem maravilhosa. Quem nunca disse “Tá difícil ou quer que eu desenhe?”, “Deixa pra lá, você não escuta mesmo.”, ou qualquer outra reclamação para aquelas pessoas que não praticam a “Escutatória” ou que de repente tem algum problema de audição mesmo? Resolvi compartilhá-la, pois achei muito sábia. Embora muitas vezes (muitas vezes mesmo) eu haja com ignorância nesses momentos de surdez, admito ser uma surda nata.

Não por déficit de audição, mas por falta de atenção.

Perguntar “O que você disse mesmo?” NÃO mata, mas dependendo para quem você pergunta, pode causar sérios danos. 

3 - Nos Domínios da Voz
(Sinal Verde – Francisco Cândido Xavier)

Observe como vai indo a sua voz, porque a voz é dos instrumentos mais importantes na vida de cada um.  
A voz de cada pessoa está carregada pelo magnetismo dos seus próprios sentimentos. 
Fale em tonalidade não tão alta que assuste e nem tão baixa que crie dificuldade a quem ouça.
Sempre aconselhável repetir com paciência o que já foi dito para o interlocutor, quando necessário, sem alterar o tom de voz, entendendo-se que nem todas as pessoas trazem audição impecável.
A quem não disponha de facilidades para ouvir, nunca dizer frases como estas: "Você está surdo?", "Você quer que eu grite?", "Quantas vezes quer você que eu fale?" ou "Já cansei de repetir isso".
A voz descontrolada pela cólera, no fundo, é uma agressão e a agressão jamais convence. 
Converse com serenidade e respeito, colocando-se no lugar da pessoa que ouve, e educará suas manifestações verbais com mais segurança e proveito.
Em qualquer telefonema, recorde que no outro lado do fio está alguém que precisa de sua calma, a fim de manter a própria tranquilidade.

Cuide da sua voz. Preocupe-se com o tom de voz que você se refere a alguém.
É sobretudo uma questão de respeito.

Respeite(se).

sábado, 13 de abril de 2013

Com amor...



Aqui com o Chico (Buarque), escrevo pra você que me atura, me endoidece, me alimenta de amor.

Tentei ser poeta pra te impressionar, atriz pra te conquistar, palhaça pra te alegrar. Mas entendi que bastava ser eu mesma.

Assim, amarei e serei amada imensuravelmente.

O que realmente desejo daqui pra frente, é continuar e ir de encontro a um futuro feliz e próspero..

Uma casinha, com jardim e portão baixo, caixinha de correio, cheirinho de café e o aconchego de um lar.
(consigo até imaginar)

O meu sonho é tão real e tão distante, mas sei que juntos conseguimos fazer o distante se tornar realidade. 

O tempo será o nosso inimigo, mas sei que vamos ter tempo suficiente para saborear todos os momentos.

Dez meses, quarenta semanas, trezentos e quatro dias.


Ame(se) mais

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Morangolando também no facebook \o/

Agora o Morangolando está no facebook! 
Mais um passo na divulgação do  blog menos visitado do Brasil, ahuahauhauha

Curtam a FanPage do Morangolando e me ajudem a me tornar uma blogger de sucesso (só que não?). É só clicar e curtir, depois o trabalho é todinho meu em atualizar e manter vocês inteirados sobre tudo o que está acontecendo. Então o que está esperando?? 

Espero agora ter tempo para atualizar com mais frequência e escrever coisas bem legais :)

Beijos morangaláticos!



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Holocausto nunca mais!

Sou uma grande admiradora das obras do Augusto Cury. Apesar de ter lido poucas até então, o que me instiga é o dom dele de fazer o leitor refletir, e mais que isso, se auto questionar. Ele de fato o torna um colecionador de ideias e sonhos.
Embora ele nos remeta ao questionamento, é importante observar que usa metáforas para abordar fatores que permeiam a sociedade. 
Hoje vou falar um pouco sobre a sua mais recente obra, "O Colecionador de Lágrimas - Holocausto Nunca Mais"
É uma leitura muito agradável e de fácil compreensão, conta a trajetória de um colecionador de lágrimas chamado Julio Verne. Ele é professor de história em uma renomada universidade, embora ganhe menos se atuasse na sua outra profissão - psicologia, a História é o que move Julio, principalmente quando se trata da Segunda Guerra Mundial.
Certa manhã, Julio acorda totalmente atordoado após um sonho que mais parecia realidade. Além dos sonhos estranhos que se tornam constantes, diversos acontecimentos passam a fazer parte do seu cotidiano, como por exemplo, atentados por soldados nazistas, cartas antigas da época da 2.ª guerra aparecem na porta do seu apartamento e todos os dias fatos que parecem estar levando Julio à loucura. Mas isso não o desanima. Pelo contrário. Faz com que Julio tenha mais sede de multiplicar o conhecimento e levar às pessoas o que de fato aconteceu na 2.ª guerra, quem era Hitler, o que se passava no seu psiquismo e o que o levou a ser o maior sociopata da humanidade.
A obra é literalmente uma psico-história, tem várias referências bibliográficas que o próprio Cury divulga ao final (já anotei um montão para procurar depois), e confesso que nunca iria me preocupar em saber esses detalhes se não fosse a temática do livro.
Em uma Alemanha pós 1.ª Guerra Mundial, o que fez um simples mensageiro militar (que nem era alemão) se tornar um genocida? Porque intelectuais como advogados, jornalistas, médicos se submeteram às suas ideias e seus destinos foram condicionados à um campo de concentração e consequentemente à morte de muitos deles e suas famílias? Porque os judeus?Quais eram seus medos, angustias, anseios?
Tudo isso Cury nos mostra no Colecionador de Lágrimas.

E o principal, deixei para o final.
Será que se surgisse um Hitler nos dias atuais nos submeteríamos às suas ideias?
Pode ser que diante de tudo que o mundo já enfrentou, haja um pouco mais de maturidade e menos opressão, mas ainda assim, espero melhoras no futuro e que nossa humanidade não regrida de tal forma.

Que possamos ser colecionadores de ideias, lagrimas, sonhos e principalmente de esperanças.


Leia(se)m mais. :)
Descendentes de vítimas do holocausto - Tatuagem marcada  na humanidade.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ver vendo

Dando continuidade aos textos dedicados ao bom uso dos nossos cinco sentidos (para quem faltou a aula ou não se lembrava como eu, são eles: audição, olfato, visão, paladar e tato), vou compartilhar com vocês um texto indicado por minha professora, chamado “Ver, vendo”.
Desde criança sempre fui melhor observadora e boa “degustadora” dos quitutes da Tótinha, vulgo, minha mãe,  do que boa ouvinte. Gosto de observar tudo, o jeito de falar das pessoas, andar, vestir, paisagens, os carros passando apressados pela marginal, meus sobrinhos brincando, um bom filme... E por aí vai... Mas será que estou utilizando o sentido mais fantástico adequadamente? Será que quando vejo, vejo também com os olhos do coração? (Parafraseando Antoine Saint Exupéry, obrigada seu lindo).


Todos os dias pela manhã, ao passar pela catraca da estação, havia em pé um senhor japonês, funcionário da estação, que muito educadamente desejava à todos abaixando a cabeça com delicadeza “Bom dia.” Eu mais por obrigação do que por simpatia (porque 7h da manhã é difícil ser simpático com todo mundo, rs) respondia de volta “Bom dia.” E por aí se passaram alguns poucos anos, até que um dia me perguntei, qual será o nome daquele senhor? Poxa, ele é tão simpático com todo mundo, mas será que todo mundo é simpático com ele? (Claro que não). Ele poderia fazer simplesmente seu trabalho, permanecer ali de pé com suas obrigações do dia-a-dia. Mas não. Ele quis ser diferente, queria ser observado e dizer às pessoas “Oi, estou aqui, bom dia.”
Aí passei a vê-lo vendo, pensando no sentido que fazia ele estar ali e o quanto o seu “bom dia” fazia um bem danado. 
Infelizmente eu sou tímida o bastante para não perguntar seu nome e acredito que ele deva ter sido transferido ou algo do tipo, pois nunca mais o vi, mas pelo menos enquanto esteve ali eu o vi vendo.
Às vezes é tão simples observar com o coração e fazemos disso algo tão complexo.

(Aprendi ontem a diferença de complexo e difícil – complexo é o contrário de simples e difícil o contrário de fácil... Ambas são coisas totalmente distintas. Tchãn!)

VER VENDO
OTTO LARA REZENDE


De tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo.
Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...
Parece fácil, mas não é.
O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade...
O campo visual da nossa rotina é como um vazio...
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta...
Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...
De tanto ver, você não vê...
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório.
Lá estava sempre, pontual, o mesmo porteiro...
Dava-lhe um bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a mínima ideia...
Em 32 anos, nunca o vi... Para ser notado, o porteiro teve que morrer...
Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem...
Mas há sempre o que ver...
Gente, coisas, bichos...
E vemos?
Não, não vemos...
Uma criança vê o que um adulto não vê...
Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo...
O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê...
Há pai que nunca viu o próprio filho...
Marido que nunca viu a própria mulher (e desconhece os seus segredos e desejos), isso existe às pampas...
Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos...
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.


Que tal começar agora?
Observa a sua esposa dormindo, a sua serenidade, fragilidade, seu filho (a) como ele respira tranquilamente sonhando com a sua infância tão linda e livre, sua mãe lendo um livro com seus olhos atentos e focados, mas também tão atentos à você, aquele moço que todo dia espera ônibus com você, mas você nunca lhe desejou um “bom dia.”, seu cachorro, sua planta, sua casa, a fruta na fruteira, o buraco na rua, a lâmpada quebrada no poste, o mendigo sentado na guia da calçada esperando a esperança.
Pode ser complexo, mas nunca será difícil. É mais simples do que parece ser e mais fácil do que não observar.

Machu Picchu - Peru - Nov/2012
Observando, vendo...

:)

Veja (vendo) só!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Escutatória


Primeiro post é sempre uma responsabilidade danada, porque se não for bom o suficiente quem ler nunca mais vai querer voltar a visitar o blog...rs
Igual quando vamos a uma loja em que somos mal atendidos, ou em algum restaurante e a comida é ruim.


*Depois de 1 hora juntando as palavras, digitando e apagando*

É injusto aprendermos e não compartilharmos, se você não compartilha o que aprende, na verdade não se aprendeu se apreende.

Portanto, pretendo e vou conseguir (se o pouco tempo que me sobrar permitir) publicar aqui coisas que achar legal compartilhar, sejam elas textos (meus ou não), situações, causos, imagens, vídeos etc.


Li um texto essa semana que me causou um impacto muito grande, ‘tocou na ferida’ sabe? rs

Por que quando li não vi ninguém, só eu mesma... E quando se lê um texto crítico e você vê a si mesmo é porque a coisa é séria.

Gostaria de compartilhá-lo e assim deixar a reflexão, que você questione a si mesmo e se transforme de alguma forma. Essa é a intenção.

Escutatória – Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir...
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai querer se matricular. 
Escutar é complicado e sutil.
Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma.” Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos.

Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas – coitadinhas delas – entram e caem num mar de ideias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvido para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg – citado por Murilo Mendes : “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas”. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos o mais bonito.




Talvez a sua ferida nem coce, é um risco que corro, mas se coçar uma de mil que aqui ler, não que eu me contente com pouco, mas sentirei que fiz a minha parte.

Já fiz a matrícula no curso de escutatória e você? :)